terça-feira, 30 de dezembro de 2008
domingo, 28 de dezembro de 2008
sábado, 27 de dezembro de 2008
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
de pássaros e de homens
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfDpE0A4yf0m55bgY_lIptkWRs234mapGd-ZNvS0_5fQ6B7RqXHoPcA-1bccKN9cIu0Mf7Toh_2DHGARxgtb7sqOgmTUWHj4MQK7gLJXO87wRbzfUIUpCVu8g9Lhn0SL5F9-Aui3d2V_rj/s280/rola.jpg)
o homem morre, o pássaro migra
João de Abreu Borges
singrando o céu, cavando a terra
o homem e o pássaro se dissecam
o grito é solto a asa é plena
manhãs e auroras completam a voz
o pássaro canta o homem briga
alado em seu medo de poeta
o homem traveste sua destreza
o pássaro fecha o bico em seta
o pássaro plumagem abre o olhar
seu vôo rasante afaga nuvens
o homem inventa vôo de ave
dançando na mata doce luar
vazio e incerto caminha descalço
buscando sentido no pleno sonhar
as coisas do pássaro se fazem sozinhas
as coisas do homem se erguem do chão
o homem poeta traz vôo na alma
o pássaro, atleta, faz trama no ar
Jiddu Saldanha
Uma canção
Minha terra não tem palmeiras...
E em vez de um mero sabiá,
Cantam aves invisíveis
Nas palmeiras que não há.
Minha terra tem relógios,
Cada qual com sua hora
Nos mais diversos instantes...
Mas onde o instante de agora?
Mas onde a palavra "onde"?
Terra ingrata, ingrato filho,
Sob os céus da minha terra
Eu canto a Canção do Exílio!
Mario Quintana
Nova canção do exílio
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnTzjrIjFFU3wdlC_lRzCUUG7fb7uO1cjx6jdvlCzFgCPJJXxx0oAyHKKw8BalDeWrFf_jpcrwBTTfI61OV1LXTkjI_iTiNX-0QecdWOG2T3DxgVhY7uuuzPhWwIIljj3PMkjl9DbsER5u/s280/sabia_laranjeira.jpg)
Um sabiá na
palmeira, longe.
Estas aves cantam
um outro canto.
O céu cintila
sobre flores úmidas.
Vozes na mata,
e o maior amor.
Só, na noite,
seria feliz:
um sabiá,
na palmeira, longe.
Onde tudo é belo
e fantástico,
só, na noite,
seria feliz.
(Um sabiá,
na palmeira, longe.)
Ainda um grito de vida e
voltar
para onde tudo é belo
e fantástico:
a palmeira, o sabiá,
o longe.
Carlos Drummond de Andrade
Andorinhas
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgY6VBH_5BjqOKCRmiTBmpQ_k63Zg6ZN63UIflZXOdIjpPgTJYTVJfN6A9uTrFxAf13Ki6nmMGj1zYkoeW57UkxXbrbOYV5KIS8dMl055fhAuImo3srZ-WrtLEkTcqxsIzvZCPLYg_GdKD/s280/andorinhas-hirondelles.jpg)
Quando em criança, lembro das tardinhas
E da cor rubra, de tantos ocasos.
Bem lá no centro das lembranças minhas
(...E ai me enchem d’água os olhos rasos!)
Me vem o vôo sutil das andorinhas,
Que ao frenesi do seu bater de asas,
Cruzavam o céu em sinuosas linhas,
Fazendo evoluções no vão das casas.
Recordo ainda o que mamãe dizia;
- São as Andorinhas, aves benfazejas,
Deus as fez só pra alegrar Maria
Quando iam brincar com seu Jesus menino.
Por isso agora moram nas igrejas
Nas altas torres onde bate o sino.
Jenário de Fátima