![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXBnB8pBHkBB-e156QU_FkFl5DDGF_Y8G2I2Mb_ySjhqFoUmtroijsuCkBZYTapJk1Hrz5w-bVeKZK0Rd7g5F1Vf9lP1IgZ36r3sKRcU5ZMA5V6wA1xCX8LmnURr6AaRlc_BX5Ik2e2A0_/s400/ist2_1498411-bird-cage.jpg)
Amar um passarinho é coisa louca.
Gira livre na longa azul gaiola
que o peito me constringe, enquanto a pouca
liberdade de amar logo se evola.
É amor meação? pecúlio? esmola?
Uma necessidade urgente e rouca
de no amor nos amarmos se desola
em cada beijo que não sai da boca.
O passarinho baixa a nosso alcance,
e na queda submissa um vôo segue,
e prossegue sem asas, pura ausência,
outro romance ocluso no romance.
Por mais que amor transite ou que se negue,
é canto (não é ave) sua essência.
Carlos Drummond de Andrade
Nenhum comentário:
Postar um comentário