Havia um homem que possuía muitos pássaros. Como vivia só, esses animais eram como filhos. Gostava de todos, mas, havia um,que lhe era especial. Se tratava de um velho canário belga, que ganhara do pai. O pequenino pássaro, fora o primeiro de sua coleção e durante longo tempo, sua única companhia. Mas um dia , sem motivo, o passarinho, apareceu doente. De olhar melancólico nunca mais cantara, queria novamente a sua liberdade. Perceber e aceitar esse desejo eram coisas que não entravam na cabeça do seu dono. A atitude do companheiro parecia ingratidão. Sempre lhe tratara bem. Nunca lhe deixara faltar alimento e amor. No entanto, agora essa! " Não vou soltá-lo" ! Concluiu. Algum tempo passou, e o animal foi definhando cada vez mais. Sua morte parecia iminente. Não tendo outra escolha o velho homem deixou a gaiola aberta. O canário com dificuldade andou até a portinhola, permaneceu algum tempo hesitante entre ficar e partir, mas, acabou decidindo pela segunda opção. Aquele foi um longo dia; solitário e triste... Na manhã seguinte, o bom homem acordou com um canto idêntico ao do pássaro que partira. Abrindo apressadamente a janela deparou-se com o amigo que cantava como nunca havia cantado. Essas visitas se repetiram ainda durante vários anos. Com as pessoas acontece da mesma forma. Amor não combina com algemas e prisões. Quem ama deixa sempre às portas abertas à espera que o amor verdadeiro possa se manifestar.
Os pássaros nascem na ponta das árvores As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores Os pássaros começam onde as árvores acabam Os pássaros fazem cantar as árvores Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal Como pássaros poisam as folhas na terra quando o outono desce veladamente sobre os campos Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores mas deixo essa forma de dizer ao romancista é complicada e não se dá bem na poesia não foi ainda isolada da filosofia Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros Quem é que lá os pendura nos ramos? De quem é a mão a inúmera mão? Eu passo e muda-se-me o coração
Sejamos mais parecidos com o Rouxinol do que com a Cotovia. A Cotovia sabe cantar lindamente enquanto o sol ilumina e aquece. Mas o Rouxinol sabe cantar à noite, quando já não há luz nem calor, e canta através das trevas na ante-sala do amanhecer.
(O Rouxinol é o único pássaro a cantar mais de trinta cantos diferentes, tanto durante o dia ou a noite. Seu canto belíssimo traz êxtase e encantamento àqueles que o ouvem).
Quando em criança, lembro das tardinhas E da cor rubra, de tantos ocasos. Bem lá no centro das lembranças minhas (...E ai me enchem d’água os olhos rasos!)
Me vem o vôo sutil das andorinhas, Que ao frenesi do seu bater de asas, Cruzavam o céu em sinuosas linhas, Fazendo evoluções no vão das casas.
Recordo ainda o que mamãe dizia; - São as Andorinhas, aves benfazejas, Deus as fez só pra alegrar Maria
Quando iam brincar com seu Jesus menino. Por isso agora moram nas igrejas Nas altas torres onde bate o sino.
Manhã fria, dormem os pássaros... folhas caídas ao chão. Manhã fria e o sol dorme, tudo está calmo,em silêncio... Manhã fria, coração feliz, e à noite, teus braços quentes...