![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1tpHCfU5AmE1GpMCvMck63eO3vXeXsLJHc11UmS1RxarmNOxdRATi3wv6MJKYvyND_tgMIYk0f38h7v2R9cxl0F3ikIisi-jDOIdAV1Vi9vXJIXtw9wuXIMnSOUmeY7TgjHawqTthIWYa/s400/4.jpg)
Leve é o pássaro:
e sua sombra voante,
mais leve.
E a cascata aérea
de sua garganta,
mais leve.
E o que lembra, ouvindo-se
deslizar seu canto,
mais leve.
E o desejo rápido
desse antigo instante,
mais leve.
E a fuga invisível
do amargo passante,
mais leve.
Cecília Meireles
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTLeJvC_ID3MUxGUP1xSQxUodLMLm7FZZX_RppWkHvLL4ubMpkrPMy8QlfZMM2X8ki31UC0s-7HCTZt74UBm0A3-gQweOdI53mYDjNAh4zcZ5gJBaNwUR3lbSA1V2BIrM9UFxMftC_0cN5/s400/Nightingale.jpg)
.............. A Graciela Fuensalida
Para o alto da noite negra,
da noite muito negra,
partiu o delicado pássaro
que só na extrema solidão
do último ramo
se atreve a cantar,
porque diz a sua canção:
“Eu te amo! Eu te amo! Eu te amo!”
Mas do cimo da noite negra,
da sua janela mais negra,
a plácida voz responde:
“Dorme! Dorme! Dorme!”
e o pássaro de asas fechadas
cai sem saber onde.
Cai no meu coração.
(Nem teve tempo de beber a lágrima enorme
que os olhos formarão.)
Cecília Meireles
Cada palavra uma folha
no lugar certo.
Uma flor de vez em quando
no ramo aberto.
Um pássaro parecia
pousado e perto.
Mas não: que ia e vinha o verso
pelo universo.
Cecília Meireles