terça-feira, 30 de dezembro de 2008

sábado, 27 de dezembro de 2008

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

terça-feira, 9 de dezembro de 2008








De palavra em palavra
a noite sobe
aos ramos mais altos

e canta
o êxtase do dia.

Eugénio de Andrade

de pássaros e de homens



























o homem morre, o pássaro migra
João de Abreu Borges

singrando o céu, cavando a terra
o homem e o pássaro se dissecam

o grito é solto a asa é plena
manhãs e auroras completam a voz

o pássaro canta o homem briga
alado em seu medo de poeta

o homem traveste sua destreza
o pássaro fecha o bico em seta

o pássaro plumagem abre o olhar
seu vôo rasante afaga nuvens

o homem inventa vôo de ave
dançando na mata doce luar

vazio e incerto caminha descalço
buscando sentido no pleno sonhar

as coisas do pássaro se fazem sozinhas
as coisas do homem se erguem do chão

o homem poeta traz vôo na alma
o pássaro, atleta, faz trama no ar

Jiddu Saldanha

Uma canção





Minha terra não tem palmeiras...
E em vez de um mero sabiá,
Cantam aves invisíveis
Nas palmeiras que não há.

Minha terra tem relógios,
Cada qual com sua hora
Nos mais diversos instantes...
Mas onde o instante de agora?

Mas onde a palavra "onde"?
Terra ingrata, ingrato filho,
Sob os céus da minha terra
Eu canto a Canção do Exílio!


Mario Quintana

Nova canção do exílio






















Um sabiá na
palmeira, longe.

Estas aves cantam
um outro canto.

O céu cintila
sobre flores úmidas.
Vozes na mata,
e o maior amor.

Só, na noite,
seria feliz:
um sabiá,
na palmeira, longe.

Onde tudo é belo
e fantástico,
só, na noite,
seria feliz.
(Um sabiá,
na palmeira, longe.)

Ainda um grito de vida e
voltar
para onde tudo é belo
e fantástico:
a palmeira, o sabiá,
o longe.

Carlos Drummond de Andrade

Andorinhas





Quando em criança, lembro das tardinhas
E da cor rubra, de tantos ocasos.
Bem lá no centro das lembranças minhas
(...E ai me enchem d’água os olhos rasos!)

Me vem o vôo sutil das andorinhas,
Que ao frenesi do seu bater de asas,
Cruzavam o céu em sinuosas linhas,
Fazendo evoluções no vão das casas.

Recordo ainda o que mamãe dizia;
- São as Andorinhas, aves benfazejas,
Deus as fez só pra alegrar Maria

Quando iam brincar com seu Jesus menino.
Por isso agora moram nas igrejas
Nas altas torres onde bate o sino.


Jenário de Fátima



















"Você não pode impedir que os pássaros da tristeza voem sobre sua cabeça, mas pode, sim, impedir que façam um ninho em seu cabelo."
provérbio chinês

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008




















No momento em que o homem encantar-se com o canto dos pássaros, com a beleza de uma flor, com a magnitude de uma floresta, com a imensidão do mar, com o infinito universo, terá ele encontrado o real valor da vida, o caminho que o levará ao verdadeiro sentido de sua existência.
Joel Alves Bezerra

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O pássaro, a árvore e o gato































Estava um melro no meio da folhagem verde escura da nespereira. Às vezes namora-a da ponta do telhado em trejeitos provocadores da cabeça e depois mergulha num voo picado e embrenha-se por entre os ramos, agitando-os, como se lhes fizesse cócegas. Ali perto, um gato cinzento malhado, em pose de conquistador de rua, namora o melro que se oferece alegre à árvore. São dois namoros de carácter diferente. Também assim é o bicho Homem. Não fiquei para ver o resultado de ambos os enleios. Há namoros de cinco minutos que valem para uma tarde inteira.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Tico-tico



























O rouxinol falou para o tico-tico
— Sabes que tens um belo canto
O tico-tico respondeu
— Eu nunca duvidei do teu bom-gosto.


Khalil Gibran






















A canção dos pássaros desperta o Homem de sua insensibilidade, e o convida a participar dos salmos de glória à Sabedoria Eterna, que criou a melodia de suas notas.


Khalil Gibran

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Mainá
























0 mainá é um pássaro mal humorado. Ele mostra sua raiva batendo os pés e as asas. Vive no sul da Ásia e existem várias subespécies dessa ave, diferentes no tamanho e na plumagem. Os mainás foram levados para a África do Sul; para a Austrália e algumas ilhas do Pacífico, para combaterem os insetos que atacavam as plantações de cana de açúcar.

Tal ave é capaz de imitar a voz de outras aves, e mesmo algumas palavras, quando em cativeiro. Também chamada de mainate e mainato.

Cuidado com o papagaio..?!?!

NÃO..!! Cuidado com o mainá..!!!

Uma mulher foi viajar para visitar os pais e, quando voltou, um mês depois, o pássaro mainá da família estava com um vocabulário diferente. Ele dizia coisas como “eu te amo” e “divórcio”, além de ficar mais arisco quando o telefone tocava.

Por que tudo isso? O pássaro, originário da Índia e que consegue repetir falas humanas com mais fidelidade que os papagaios, andava ouvindo as conversas do marido de sua dona com a amante…

Quer um espião..?! Compre um desse..!!

Papagaio Especial


























O freguês entrou na loja de animais e disse ao vendedor:

- Queria um Papagaio que fosse especial.

- Chegou na hora certa! Temos um bilíngue. Se levantar a patinha direita, ele fala Inglês. Se levantar a patinha esquerda, ele fala Francês.

- E se eu levantar as duas patinhas?

O Papagaio respondeu:

- Aí eu caio!

Papagaios não falam
























Os papagaios apenas imitam os sons que ouvem. Os formatos recurvados do bico, do palato (céu da boca) e da língua, associados à parte respiratória, facilitam a reprodução de sons mais graves, parecidos com a voz do homem. O mainá, pássaro nativo da Índia, imita a fala humana com mais fidelidade que o papagaio.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A menina e o pássaro encantado




Era uma vez uma menina que tinha um pássaro como seu melhor amigo.
Ele era um pássaro diferente de todos os demais: era encantado.
Os pássaros comuns, se a porta da gaiola ficar aberta, vão-se embora para nunca mais voltar. Mas o pássaro da menina voava livre e vinha quando sentia saudades… As suas penas também eram diferentes. Mudavam de cor. Eram sempre pintadas pelas cores dos lugares estranhos e longínquos por onde voava. Certa vez voltou totalmente branco, cauda enorme de plumas fofas como o algodão…
— Menina, eu venho das montanhas frias e cobertas de neve, tudo maravilhosamente branco e puro, brilhando sob a luz da lua, nada se ouvindo a não ser o barulho do vento que faz estalar o gelo que cobre os galhos das árvores. Trouxe, nas minhas penas, um pouco do encanto que vi, como presente para ti…
E, assim, ele começava a cantar as canções e as histórias daquele mundo que a menina nunca vira. Até que ela adormecia, e sonhava que voava nas asas do pássaro.
Outra vez voltou vermelho como o fogo, penacho dourado na cabeça.
— Venho de uma terra queimada pela seca, terra quente e sem água, onde os grandes, os pequenos e os bichos sofrem a tristeza do sol que não se apaga. As minhas penas ficaram como aquele sol, e eu trago as canções tristes daqueles que gostariam de ouvir o barulho das cachoeiras e ver a beleza dos campos verdes.
E de novo começavam as histórias. A menina amava aquele pássaro e podia ouvi-lo sem parar, dia após dia. E o pássaro amava a menina, e por isto voltava sempre.
Mas chegava a hora da tristeza.
— Tenho de ir — dizia.
— Por favor, não vás. Fico tão triste. Terei saudades. E vou chorar…— E a menina fazia beicinho…
— Eu também terei saudades — dizia o pássaro. — Eu também vou chorar. Mas vou contar-te um segredo: as plantas precisam da água, nós precisamos do ar, os peixes precisam dos rios… E o meu encanto precisa da saudade. É aquela tristeza, na espera do regresso, que faz com que as minhas penas fiquem bonitas. Se eu não for, não haverá saudade. Eu deixarei de ser um pássaro encantado. E tu deixarás de me amar.
Assim, ele partiu. A menina, sozinha, chorava à noite de tristeza, imaginando se o pássaro voltaria. E foi numa dessas noites que ela teve uma ideia malvada: “Se eu o prender numa gaiola, ele nunca mais partirá. Será meu para sempre. Não mais terei saudades. E ficarei feliz…”
Com estes pensamentos, comprou uma linda gaiola, de prata, própria para um pássaro que se ama muito. E ficou à espera. Ele chegou finalmente, maravilhoso nas suas novas cores, com histórias diferentes para contar. Cansado da viagem, adormeceu. Foi então que a menina, cuidadosamente, para que ele não acordasse, o prendeu na gaiola, para que ele nunca mais a abandonasse. E adormeceu feliz.
Acordou de madrugada, com um gemido do pássaro…
— Ah! menina… O que é que fizeste? Quebrou-se o encanto. As minhas penas ficarão feias e eu esquecer-me-ei das histórias… Sem a saudade, o amor ir-se-á embora…
A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar. Mas não foi isto que aconteceu. O tempo ia passando, e o pássaro ficando diferente. Caíram as plumas e o penacho. Os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento triste. E veio o silêncio: deixou de cantar.
Também a menina se entristeceu. Não, aquele não era o pássaro que ela amava. E de noite ela chorava, pensando naquilo que havia feito ao seu amigo…
Até que não aguentou mais.
Abriu a porta da gaiola.
— Podes ir, pássaro. Volta quando quiseres…
— Obrigado, menina. Tenho de partir. E preciso de partir para que a saudade chegue e eu tenha vontade de voltar. Longe, na saudade, muitas coisas boas começam a crescer dentro de nós. Sempre que ficares com saudade, eu ficarei mais bonito. Sempre que eu ficar com saudade, tu ficarás mais bonita. E enfeitar-te-ás, para me esperar…
E partiu. Voou que voou, para lugares distantes. A menina contava os dias, e a cada dia que passava a saudade crescia.
— Que bom — pensava ela — o meu pássaro está a ficar encantado de novo…
E ela ia ao guarda-roupa, escolher os vestidos, e penteava os cabelos e colocava uma flor na jarra.
— Nunca se sabe. Pode ser que ele volte hoje…
Sem que ela se apercebesse, o mundo inteiro foi ficando encantado, como o pássaro. Porque ele deveria estar a voar de qualquer lado e de qualquer lado haveria de voltar. Ah!
Mundo maravilhoso, que guarda em algum lugar secreto o pássaro encantado que se ama…
E foi assim que ela, cada noite, ia para a cama, triste de saudade, mas feliz com o pensamento: “Quem sabe se ele voltará amanhã….”
E assim dormia e sonhava com a alegria do reencontro.

* * *

Para o adulto que for ler esta história para uma criança:
Esta é uma história sobre a separação: quando duas pessoas que se amam têm de dizer adeus…
Depois do adeus, fica aquele vazio imenso: a saudade.
Tudo se enche com a presença de uma ausência.
Ah! Como seria bom se não houvesse despedidas…
Alguns chegam a pensar em trancar em gaiolas aqueles a quem amam. Para que sejam deles, para sempre… Para que não haja mais partidas…
Poucos sabem, entretanto, que é a saudade que torna encantadas as pessoas. A saudade faz crescer o desejo. E quando o desejo cresce, preparam-se os abraços.
Esta história, eu não a inventei.
Fiquei triste, vendo a tristeza de uma criança que chorava uma despedida… E a história simplesmente apareceu dentro de mim, quase pronta.
Para quê uma história? Quem não compreende pensa que é para divertir. Mas não é isso.
É que elas têm o poder de transfigurar o quotidiano.
Elas chamam as angústias pelos seus nomes e dizem o medo em canções. Com isto, angústias e medos ficam mais mansos.
Claro que são para crianças.
Especialmente aquelas que moram dentro de nós, e têm medo da solidão…

As mais belas histórias de Rubem Alves
Lisboa, Edições Asa, 2003

Presentes























Três filhos saíram de casa, conseguiram bons empregos e prosperaram.
Anos depois, eles se encontraram e estavam discutindo sobre os presentes que eles conseguiram comprar para a mãe, que já era bem idosa.
O primeiro disse: "Eu consegui comprar uma mansão enorme para nossa mãe"
O segundo disse: "Eu mandei para ela uma Mercedes zerinho, com motorista."
O terceiro sorriu e disse: "Com certeza, meu presente foi melhor. Vocês sabem como a mamãe gosta da Bíblia, mas ela está praticamente cega e não consegue mais ler. Então, mandei pra ela um papagaio marrom raro, que consegue recitar a Bíblia todinha. Foram 12 anos de treinamento num mosteiro, por 20 monges diferentes. Eu tive de doar US$ 100,000,000 por ano para o mosteiro, durante 10 anos, mas valeu a pena. Nossa mãe precisa apenas dizer o capítulo e o
versículo que o papagaio recita, sem um único erro."
Tempos depois, os filhos receberam da mãe uma carta de agradecimento pelos presentes:

"Milton: a casa que você comprou é muito grande. Eu moro apenas em um quarto, mas tenho de limpar a casa todinha."
"Maycon: eu estou muito velha pra sair de casa e viajar. Eu fico em casa o tempo todo e nunca uso o Mercedes que você me deu. E o motorista também é muito mal educado." "Querido Marvin: você é o único filho que teve bom senso pra saber do que a sua mãe realmente gosta. Aquele franguinho estava delicioso, muito obrigada."




















Os pássaros não podem escrever, eles têm penas demais.

Ora, conta-se, na África ocidental, que, no início dos tempos, não havia histórias e também não havia sabedoria. O mundo era muito triste. Por isso, o primeiro contador de histórias foi também um buscador de histórias que saiu pelo mundo afora acompanhado de um pássaro-escrivão: o marabu.

O marabu é o único pássaro que sabe qual das penas de seu traseiro deve ser arrancada para que, com ela, se possa escrever, o que faz dele um pássaro especial. É por isso que foi o escolhido para sair pelo mundo, pousado no ombro do primeiro buscador e contador de histórias.

Andaram pelo mato afora, pela savana e ao longo dos rios, para escutar os ventos, as pedras, as águas, as árvores e os animais. E encontraram muitas pessoas até então desconhecidas que iam lhes contando suas histórias.

Munido da pena arrancada de seu traseiro e utilizando uma tinta feita de água, pó de carvão e goma-arábica, o marabu-escrivão anotava, conscienciosamente, todas as histórias que escutava. O buscador e contador de histórias caminhava e pensava: “Não me será possível recordar todas essas histórias”.

Mas o marabu continuava a ouvi-las e a escrevê-las.

Pois saibam que, uma vez tendo voltado para casa, o primeiro buscador e contador de histórias obteve a solução para o problema que o atormentava. Seguindo os conselhos do marabu, encheu de água uma grande cabaça e nela mergulhou todas as histórias escritas. Durante toda a noite, naquela cabaça — que, na África, é chamada de canari —, as palavras escritas com tinta se dissolveram na água. No dia seguinte, na refeição da manhã, o marabu mandou que o buscador e contador de histórias bebesse todo o conteúdo do canari como desjejum.

Assim, todas as histórias bebidas tornaram-se histórias sabidas.

Se, por acaso, você precisar beber uma história, escute o meu conselho: beba tudo. Não deixe nada no fundo do copo, porque isso poderia dar um branco em sua memória.

Essa é a razão pela qual, em todos os tempos, os contadores de histórias sempre foram, também, bons bebedores de vinho.

Gislayne Avelar Matos e Inno Sorsy

Beija-flor














Como pequeninos mísseis alados, cortam o ar em manobras inesperadas e parecem nada temer. Suas asas invisíveis, de tão rápidas, permitem grandes façanhas, até mesmo enfrentar pássaros cem vezes maiores. Por isso, são considerados campeões de vôo. Sua plumagem colorida e brilhante dá a impressão de mudar de tonalidade a cada instante, originando a grande variedade de denominações que recebem. Alguns colibris são comparados a pedras preciosas, como rubi, safira ou esmeralda; outros têm nomes de contos de fada; há ainda aqueles que lembram corpos celestes, cometas ou raio de sol. Para atrair os beija-flores e garantir seu alimento, costuma-se colocar nos jardins bebedouros apropriados, porque facilmente esses minúsculos pássaros se aproximam dos locais floridos, sem temer a presença de estranhos: voam sobre a cabeça das pessoas e às vezes pairam no ar como se as estivessem observando. Parecem mesmo gostar de exibir sua agilidade e beleza. Em geral, esses pássaros são diminutos. O menor deles é o beija-flor-abelha, encontrado em Cuba. Mede cerca de 5 centímetros de comprimento, sendo que a metade deste tamanho corresponde ao bico e à cauda, e pesam em média 6 gramas. Existem também beija-flores maiores, embora sejam exceção.

Tsuru
























Os Tsurus, são possivelmente, os pássaros mais velhos da terra.
É dito em uma lenda, que eles vivem durante mil anos. Era considerado o pássaro companheiro dos eremitas que faziam meditação nas montanhas. Como esses eram eremitas místicos, que supunham terem poderes sobrenaturais para não envelhecerem, o Tsuru, passou a ser considerado um pássaro possuidor de vida longa.
Os tsurus são um símbolo de mocidade eterna e felicidade ao longo da Ásia.
Diz ainda, a lenda, que quem fizer mil Tsurus, com o pensamento voltado para aquilo que deseja alcançará bons resultados.






Manhã clara de novembro,
Visitante silencioso
Espetáculo da natureza.
Nana Pereira

Colibri

Colibri



























No momento em que o homem encantar-se com o canto dos pássaros, com a beleza de uma flor, com a magnitude de uma floresta, com a imensidão do mar, com o infinito universo, terá ele encontrado o real valor da vida, o caminho que o levará ao verdadeiro sentido de sua existência.
Joel Alves Bezerra





















Houve um incêndio na floresta

e enquanto todos os bichos corriam apavorados,

um pequeno beija-flor ia do rio para

o incêndio levando gotinhas de água em seu bico.

O leão, vendo aquilo, perguntou para o beija-flor:

"Ó beija-flor, você acha que vai conseguir apagar o incêndio sozinho?"

E o beija-flor respondeu:

"Eu não sei se vou conseguir,

mas estou fazendo a minha parte".























Tu escreves como o pássaro canta.
Teu gorjeio? Versos.
Se não cantasses,
As manhãs seriam menos vermelhas
E os crepúsculos menos azuis.

Quando a embriaguez te inspira,
Os Imortais inclinam-se das nuvens
Para te escutarem,
O tempo suspende seu vôo,
O bem-amado esquece a bem-amada.

Tu és o Sol e nós,
Os outros poetas,
Somos apenas estrelas.

Acolhe,
Ó meu amigo,
O balbucio do meu respeito!

( Desconheço o autor)

O beija-flor






O beija-flor
Já não beija
Nem o sol
Nem a flor

O beija-flor
Já não tem flor
Nem beijo
Nem ensejo

De continuar a ser
Beija-flor.

João Manuel Ribeiro























Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Mário Quintana

Leveza



















Leve é o pássaro:
e a sua sombra voante,
mais leve.
E a cascata aérea
de sua garganta,
mais leve.
E o que lembra, ouvindo-se
deslizar seu canto,
mais leve.
E o desejo rápido
desse mais antigo instante,
mais leve.
E a fuga invisível
do amargo passante,
mais leve.




















Sede como os pássaros que, ao pousarem um instante sobre ramos muito leves, sentem-nos ceder, mas cantam! Eles sabem que possuem asas.
Victor Hugo

terça-feira, 11 de novembro de 2008

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

sábado, 8 de novembro de 2008

























por uma só fresta
entra toda a vida
que o sol empresta
Alice Ruiz