sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A lenda do melro e da cereja...















Conta a lenda que desde sempre havia uma grande rivalidade entre duas aldeias vizinhas: Barrô e Penajóia por causa da boa qualidade das cerejas.
Cada um destes povos era grande produtor de boa cereja, talvez a melhor da região ou mesmo do mundo. Cada um deles defendia que a sua era a melhor do que a do povo vizinho.
Certa altura ( na época das cerejas) um agricultor da Penajóia, estava a guardar as suas cerejeiras para que ninguém as roubasse e assim manter a sua boa semente.
De repente um melro de bico muito amarelo, dando conta que o agricultor estava distraído depenicou uma cereja e fugiu. O agricultor deu conta e foi logo atrás dele com uma espingarda para o apanhar. O melro tanto voou, tanto voou, que logo chegou à outra terra vizinha – Barro. O agricultor nunca o perdeu de vista.
O melro de tão cansado que estava pousou numa pernada de outra cerejeira. O agricultor apontou a espingarda ao melro e disparou um tiro; o melro assustou-se, deixou cair a semente e fugiu novamente.
O dono do cerejal ao ouvir tal estrondo foi ver o que se passava. Ao chegar lá, qual o seu espanto; viu um estranho com uma arma a apanhar qualquer coisa do chão e perguntou-lhe:
-Quem é o senhor e o que está aqui a fazer?
-Para que é que quer saber da minha vida? O senhor não tem nada a ver com isso!
-Tenho sim senhor, porque está no meu terreno!
-Estou a apanhar uma semente de cereja que é a melhor do mundo, que um melro ma roubou do meu terreno na Penajóia.
-Então deu-se ao trabalho de ir atrás de um melro por causa de uma porcaria de uma semente dessas!
-Porcaria são as suas sementes…
Os homens discutiram, discutiram , mas nada concluíram…


(Trabalho colectivo da Turma M-7)

(Texto baseado na lenda do melro, da cereja e do lavrador da Penajóia)

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

















“Um pássaro nunca faz seu ninho em uma árvore seca.”

Provérbio japonês

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A Lenda do Pássaro Chamado Tiê – Sangue




Era uma vez , uma índia chamada Tiê ,
Que era perfumada como a flor do ipê !
Ela era uma índia sonhadora e faceira ...
Mas , também era uma guerreira !

Porém , ela não gostava de fazer nenhum tipo de guerra ...
Tiê só gostava de admirar a natureza da primavera !
Seu sonho era ser um pássaro na linda paisagem ...
Para ter a liberdade de voar em qualquer miragem !

Mas , um dia Tiê teve que participar ...
De uma batalha de amargar !
Mas , ela foi ferida ...
Pela tribo inimiga ,

Que espalhou o seu sangue pela terra ...
Naquela manhã de primavera !

E quando tudo escureceu ...
Ela , levemente , faleceu !
Porém , o deus Tupã ...
Naquela triste manhã ...

Resolveu atender a fantasia ...
Da falecida índia cheia de poesia !
Assim , ele transformou o sangue da guerreira ...
Numa ave bela , graciosa e faceira !

Deste jeito ...
Todo perfeito ...
Surgiu o tiê – sangue , um pássaro sonhador ,
Que voa pelo céu do Brasil com amor .

Luciana do Rocio Mallon

A Lenda do Pássaro Cabeça-de-Vento















Numa tribo indígena, havia uma mulher que se sentia muito infeliz no casamento. O marido era um daqueles homens broncos, insensíveis, incapazes de um ato de verdadeiro carinho, mas que dizia amar muito a mulher. Ela, a cada dia, se sentia mais oprimida por ele. Sabia que seria muito difícil deixá-lo, pois ele não aceitaria jamais este fato. Mesmo assim, teve coragem para dizer-lhe que iria embora. É claro que o marido não concordou e, de acordo com os costumes da tribo, ela teria de ficar com ele. O marido, então, passou a oprimi-la ainda mais. E assim foram vivendo, por muito tempo.
Uma noite, porém, a mulher fez uma descoberta fascinante: depois que o marido dormia, ela podia deixar o corpo na cama, ao lado dele, e sair com a cabeça para voar. Ele, dormindo, como de costume, passava a mão do lado dela e via que ela estava lá e continuava a dormir. Ela, a cabeça, voava por toda a floresta, conhecia lugares incríveis. E assim foi por um bom tempo. Quase todas as noites, a cabeça ia passear sozinha, longe da opressão do marido.
Tudo ia mais ou menos bem, mas, uma noite, a cabeça voou para longe demais… e não conseguiu encontrar o caminho de volta. Ficou só aquela cabeça a voar, perdida na floresta.
Ao amanhecer, o marido se deu conta de que só tinha o corpo da mulher consigo. Ficou furioso. Não podia aceitar aquilo e, como tinha só o corpo, decidiu castigá-lo: surrou-o até a morte. Não satisfeito, esquartejou o corpo, queimou-o jogando as cinzas no rio.
E a cabeça? O Deus da tribo, para não deixá-la aquela vagando perdida pela floresta, transformou-a no “pássaro-cabeça-de-vento”. E foi assim que este pássaro surgiu na Terra. Um pássaro que traz consigo um grande ar de tristeza, mas que, no fundo, tem um quê de felicidade,, pois é livre.

Contado por Ricardo Azevedo no curso “Elos entre o folclore e a literatura infantil” (Belo Horizonte – 2000)
Reescrita: Carmélia Cândida

A Lenda do Jurutaui



O Jurutauí era o pássaro que cantava a mais linda canção da floresta e portanto, verdadeiramente admirado pelos outros pássaros por possuir voz tão melodiosa. Um dia, o Jurutaui viu a lua brilhando com todo seu esplendor, e se apaixonou perdidamente por ela. Então para ser ouvido por sua musa, o Jurutaui voava entre as mais altas árvores para cantar o seu amor enchendo a floresta com o mais devotado canto.

Apesar de poder admirá-la, o Jurutaui não se conformava de estar tão distante da amada e voava mais alto e mais alto tentando alcançá-la, mas não resistindo ao poder das alturas, caiu duramente ao solo. Tonto, ainda tentou se recuperar e cantar sua linda canção, mas um som rouco e terrível saiu-lhe da garganta ecoando na floresta. Os outros pássaros vieram em bandos e tentaram socorrê-lo mas sem nada poderem fazer, lamentaram a perda da mais bela música até então ouvida. Agora, quando a floresta ecoa rouca e triste, todos sabem que é porque o Jurutaui está cantando.

Lenda indígena

Lenda do beija-flor















Existiam duas tribos morando à beira de um rio: uma tribo maior e uma tribo menor.

A tribo menor plantava e pescava com muito afinco e, com isso,começou a ter mais peixe e maior abundância de alimentos. Isto gerou inveja na outra tribo, que começou a hostilizar seus vizinhos, primeiro com palavras, depois com gestos e por fim declararam guerra àqueles que, mesmo em menor número, eram mais trabalhadores e eficientes.


Indiferente a estas questões, dois jovens se enamoraram, porém cada qual pertencia a uma tribo. O rapaz pertencia à tribo menor e a jovem à tribo maior. Apesar da guerra, os dois se encontravam às escondidas, mas um dia os guerreiros da tribo da jovem a seguiram e os encontraram namorando. Depois de espancar o rapaz e pensando que ele já estivesse morto levaram a jovem de volta à tribo.


O Conselho dos Anciãos foi convocado para o julgamento da pobre jovem. A acusação era de traição, já que as tribos estavam em guerra e eles acreditavam que ela passava segredos para a outra tribo. A sentença era de morte, mas por ela ser muito jovem e bela, convocaram os Xamãs que resolveram transformá-la numa flor.


O rapaz, socorrido por seus guerreiros, sobreviveu ao espancamento e, tão logo se recuperou passou a procurar desesperadamente pela sua amada. Ele chamou os anciãos e anunciou que iria até a outra tribo em busca de seu amor. Eles não permitiram tremenda loucura e tentaram, de toda forma, impedi-lo. Afirmaram que na sua tribo existiam lindas moças que poderiam ser boa esposa e dar-lhe filhos fortes e saudáveis. O rapaz estava irredutível e os anciãos, vendo tamanha decisão e tristeza do jovem, chamaram os xamãs para ajudá-los. Depois de muito pensar e sabendo que a jovem amada tinha sido transformada em flor decidiram transformá-lo em Beija-Flor.

Segundo a lenda, é por isto que o Beija-Flor vai de flor em flor, sempre tentando achar a sua amada.


Em toda lenda índígena existe uma moral que os mais velhos ensinam aos mais novos e esta é que nunca se deve desistir do seu objetivo.

A lenda do uirapuru













Dizem que no Sul do Brasil, havia uma tribo de índios, cujo cacique era amado por duas moças muito bonitas. Não sabendo qual escolher, o jovem cacique prometeu casar-se com aquela que tivesse melhor pontaria.
Aceite a prova, as duas índias atiraram as flechas, mas só uma acertou o alvo. Essa casou-se com o chefe da tribo.
A outra, chamada Obirici, chorou tanto que suas lágrimas formaram uma fonte e um córrego. Pediu ela a Tupã que a transformasse num passarinho para poder visitar o cacique sem ser reconhecida. Tupã fez a sua vontade.
Mas verificando que o cacique amava a sua esposa,
Obirici resolveu abandonar aqueles lugares e voou para o Norte do Brasil, indo parar nas matas da Amazónia.
Para consolá-la, Tupã deu-lhe um canto melodioso.
Assim, canta para esquecer as suas mágoas; e os outros pássaros, quando encontram o uirapuru, ficam calados para ouvir as suas notas maravilhosas. Por causa de seu belo canto, chamam-no de: professor de canto dos pássaros.
O uirapuru (Leucolepis arada) é o cantor das florestas amazónicas.
Seu visual não é dos mais atraentes, normalmente tem a cor verde-oliva com cauda avermelhada.
Entretanto, tem um canto tão lindo, tão melodioso, que os outros pássaros ficam quietos e silenciosos só para ouvi-lo.
Todavia este canto somente pode ser ouvido 15 dias por ano, na época em que constrói o seu ninho.
Não bastasse isto, ele canta somente ao amanhecer, por 5 ou 10 minutos.
Neste pássaro, o real e o lendário se confundem: dizem que ele não repete frases musicais.
Por todas estas qualidades, os indígenas e sertanejos acham que ele é um pássaro sobrenatural. Na verdade, o seu nome quer dizer: "pássaro que não é pássaro". Depois de morto o seu corpo é considerado um talismã que dá felicidade a quem o possui.
Para os tupis o uirapuru é um deus que toma a forma de pássaro e anda sempre rodeado por outros. A ele atribuem a virtude de conduzir um refluir de pessoas à casa de quem possui um deles.

Lenda indígena

























Conta uma lenda indígena, que durante uma festa de primavera, organizada para todos os pássaros, os travessos beija-flores devoraram às escondidas todas as iguarias mais doces do banquete, não sobrando nada para os outros convidados. Como foram pegos em flagrante, receberam o seguinte castigo: teriam de repor, continuamente, um a um dos doces furtados. Desde então, eles vivem voando apressados e incessantemente em busca do néctar das flores.

Castigo ou não, o fato é que essa busca desesperada oferece a nós, humanos, um verdadeiro espetáculo natural. Não há quem não se renda à beleza e graciosidade dessas pequenas criaturas!

O MELRO E AS OUTRAS AVES















Um velho melro encontrou um miolo de pão e saiu voando com ele. Ao ver isso, os pássaros mais jovens correram para atacá-lo. Diante do combate iminente, o melro largou o miolo de pão na boca de uma serpente, pensando consigo mesmo:

"Quando se está velho, a gente vê a vida de outra maneira: perdi meu alimento, é verdade, mas posso encontrar outro miolo de pão amanhã".

"Entretanto, se insistisse em carregá-lo comigo, iria deflagrar uma guerra no céu; o vencedor passaria a ser invejado, os outros se armariam para combatê-lo, o ódio encheria o coração dos pássaros, e tal situação poderia durar por muito tempo".

"A sabedoria da velhice é essa: saber trocar as vitórias imediatas pelas conquistas duradouras".

Desconheço o autor

Bem-te-vi



















Conhecido popularmente como Bem-te-vi, seu nome vem dos sons que ele emite, pois quando ouvimos somos capazes de distinguir essas sílabas. Também chamados de Pitanguá e Triste Vida, são aves muito alegres.
O seu cardápio é muito variado, come praticamente de tudo. Alimenta-se de insetos como a abelha, larvas de besouro e é capaz de capturá-los durante o seu vôo.
Também devora outros pequenos animais, como peixes, minhocas e cobras. É capaz, inclusive, de ser o predador de ninhos de outras aves, principalmente quando se sente ameaçado.
Mas não dispensa as frutas que podem ser bananas e laranjas. Para completar a dieta dessa pequena ave, as flores não podem faltar.

"Para Criar passarinho...



Para bem criar passarinho há que se gostar da noite como um tempo para dormir aninhado entre estrelas. Isso se consegue não suspeitando dos sonhos e fascinar-se com a temporária presença da lua. Ter o escuro como manto capaz de abrigar o sono e mais uma paciente certeza de um sol depois de toda a madrugada"
(Bartolomeu Campos Queirós)


O gato e o pássaro




Uma cidade escuta desolada
O canto de um pássaro ferido
É o único pássaro da cidade
Que o devorou pela metade
E o pássaro pára de cantar
O gato pára de ronronar
E de lamber o focinho
E a cidade prepara para o pássaro
Maravilhosos funerais
E o gato que foi convidado
Segue o caixãozinho de palha
Em que deitado está o pássaro morto
Levado por uma menina
Que não pára de chorar
Se soubesse que você ia sofrer tanto
Lhe diz o gato
Teria comido ele todinho
E depois teria te dito
Que tinha visto ele voar
Voar até o fim do mundo
Lá onde o longe é tão longe
Que de lá não se volta mais
Você teria sofrido menos
Sentiria apenas tristeza e saudades

Não se deve deixar as coisas pela metade.

Jacques Prévert

quarta-feira, 14 de outubro de 2009


























Vem !
- Uma flauta invisível
Vem ! - Uma flauta invisível
Suspire perto dos vergéis
- A canção mais tranqüila
É a canção de pastores.
O vento sopra, debaixo dos galhos ,
O espelho escuro das águas.
- A canção mais feliz
É a canção de pássaros.
Aquele cuidar atento não te atormenta.
Nos amamos ! amamos sempre!
- A canção mais encantadora
É a canção de amores.
.
Victor Hugo



















Será liberdade
aquele vôo de águia
de uma simples
folha seca?

Que poder tenho eu
sobre o dom da liberdade
de uma simples
borboleta?

Liberdade é assim:
sai o perfume da flor
mas a flor não sai de mim...

Afonso Estebanez

terça-feira, 6 de outubro de 2009





















Mais outra aurora. Como em todas as manhãs,

deparo a beleza do mundo, e não posso agradecer:

há tantas rosas, tantos lábios. Vem minha amiga,

pousa o teu alaúde, os pássaros estão cantando.

Omar Khayyam

quinta-feira, 1 de outubro de 2009