![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhl1fayi_PjP9v8vFe-CXhDk9mUEC7NwL8WCsdYYZnBmnMkejwBy9Cjh-qbB3qGEVoFKZynLnNe71uxp28FjmQbfAe6h95ySytdXBYsoi5QFVAOcupxrQYZk_9CqjjBufveelwhk5wWtC8/s400/sa%C3%ADra-lagarta.jpg)
ELEGIA (I)
Mas para que serve o pássaro?
Nós o contemplamos inerte.
Nós o tocamos no mágico fulgor das penas.
De que serve o pássaro se
desnaturado o possuímos?
O que era vôo e eis
que é concreção letal e cor
paralisada, íris silente, nítido,
o que era infinito e eis
que é peso e forma, verbo fixado, lúdico
O que era pássaro e é
o objeto: jogo
de uma inocência que
o contempla e revive
— criança que tateia
no pássaro um
esquema de distâncias —
mas para que serve o pássaro?
O pássaro não serve. Arrítmicas
brandas asas repousam.
Orides Fontela
De Transposição (1969)
Nenhum comentário:
Postar um comentário