![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCnKGE3DACdH2JeElmIzGXZhdXKFoGFTZJ-fUUnG8h-xH_IAONBAoY6CRg0prggAZC-8eUj5Tk5AUsI-3Hge8XsAWGIyLUZRR9koX8nG_x6cZSfsgEVEP1KygyOS8AjrifsNN2GdQTbsP5/s400/cotovia26.jpg)
Alô, cotovia !
Aonde voaste,
Por onde andaste,
Que tantas saudades me deixastes ?
- Andei onde deu o vento.
Onde foi meu pensamento.
Em sítios, que nunca viste,
De um país que não existe ...
Voltei, te trouxe a alegria.
- Muito contas, cotovia !
E que outras terras distantes
Visitastes ? Dize ao triste.
- Líbia ardente, Cítia fria,
Europa, França, bahia ...
- Voei ao Recife, no cais
Pousei na rua da Aurora.
- Aurora da minha vida,
Que os anos não trazem mais !
Os anos não, nem os dias,
Que isso cabe às cotovias.
Meu bico é bem pequenino
Para o bem que é deste mundo :
Se enche com uma gota de água.
Mas sei torcer o destino,
Sei no espaço de um segundo
Limpar o pesar mais fundo.
Voei ao Recife, e dos longes
Das distâncias, aonde alcança
Só a asa da cotovia,
- Do mais remoto e perempto
Dos teus dias de criança
Te trouxe a extinta esperança,
Trouxe a perdida alegria.
Manuel Bandeira
Nenhum comentário:
Postar um comentário