![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiib-DI3iZiHTN1yLmqA-bkkKnGv1JDpqaanE1oW6DA4OhrFIDhwqYPTMbY-VsH4DlG5YTi38_RBCtSxp7rQ6UEH2iTi2KwG_CGsx8kFR6RGhQAsoFzJZJEcjwwyM1YmCVMdF6O6bSrFoAO/s400/COTOVIA-1208205053_lulu3.jpg)
Alô, cotovia!
Aonde voaste,
Por onde andaste,
Que saudades me deixaste?
- Andei onde deu o vento.
Onde foi meu pensamento
Em sítios, que nunca viste,
De um país que não existe . . .
Voltei, te trouxe a alegria.
- Muito contas, cotovia!
E que outras terras distantes
Visitaste? Dize ao triste.
- Líbia ardente, Cítia fria,
Europa, França, Bahia . . .
- E esqueceste Pernambuco,
Distraída?
- Voei ao Recife, no Cais
Pousei na Rua da Aurora.
- Aurora da minha vida
Que os anos não trazem mais!
- Os anos não, nem os dias,
Que isso cabe às cotovias.
Meu bico é bem pequenino
Para o bem que é deste mundo:
Se enche com uma gota de água.
Mas sei torcer o destino,
Sei no espaço de um segundo
Limpar o pesar mais fundo.
Voei ao Recife, e dos longes
Das distâncias, aonde alcança
Só a asa da cotovia,
- Do mais remoto e perempto
Dos teus dias de criança
Te trouxe a extinta esperança,
Trouxe a perdida alegria.
Manuel Bandeira
Nenhum comentário:
Postar um comentário